A INFLUÊNCIA DA FLEXIBILIZAÇÃO DA LEI DAS APPS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CARBONO NA AÇÃO MITIGATÓRIA E COMPENSATÓRIA PARA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE IVOTI, RS
Abstract
As mudanças climáticas vêm ocasionando desastres naturais e possuem relação com os gases de efeito estufa liberados pela ação humana. O gás carbônico (CO2) é o que mais contribui para o aquecimento global. As APPs urbanas tinham um regramento claro, defi nido pelo Código Florestal Brasileiro, o qual foi alterado pela Lei nº 14.285/2021, transferindo aos municípios a competência para defi nir o tamanho delas em áreas urbanas consolidadas. Nesse contexto, objetivou-se avaliar o sequestro de carbono da atmosfera, através da simulação de três cenários de largura de APP de 2 cursos hídricos em Ivoti, RS, utilizando a Ferramenta de Cálculo de Redução de GEE’s, do Programa Fundo Clima do BNDES. O estudo caracteriza-se como qualiquantitativo, aplicado, descritivo e exploratório. Delimitou-se as áreas com e sem cobertura vegetal nas margens dos Arroios Bühler e Prass e aplicou-se a Calculadora. A simulação resultou em captura de 11.441,32 toneladas de CO2, se implantado o projeto de cercamento da mata ciliar existente e refl orestamento das áreas desnudas nos dois arroios (58,1 ha). Assim, seriam capturadas 196,92 ton/CO2/ha. Considerando que o período de maior captação de CO2 e conversão em biomassa se dá nos primeiros 20 anos para a fl oresta tropical, é possível afi rmar que o projeto captura 9,84 ton/ha/ano. No contexto de discussão sobre a inconstitucionalidade da lei federal que permite aos municípios alterarem as faixas de APPs, os resultados indicam contribuição signifi cativa da vegetação urbana das áreas de preservação permanente para remoção de CO2 atmosférico e para a adaptação dos efeitos das mudanças climáticas.
References
Belo Horizonte, MG.
ADMASU et al. A note on the spatial ecology of African civet Civettictis civetta and common
genet Genetta genetta in farmland in the Ethiopian highlands. Afr. J. Ecol., 42, 160-162. Disponível
em:
ANA, 2017. Agência Nacional de Águas e Saneamento. Disponível em:
BARLOW, M.; CLARKE, T. Ouro Azul. São Paulo: M. Books do Brasil Ltda., 2003. p. 32
BATEMAN, P. W.; FLEMING, P. A. Big city life: carnivores in urban environments. Journal of
Zoology, v. 287, n.1, p.1-23, 2012.
BNDES. Programa Fundo Clima – Ferramenta de Cálculo de redução de GEE’s. 2023. Disponível
em:
BRASIL. Decreto nº 7.343/2010. Ministério do Meio Ambiente – MMA. Fundo Nacional sobre
Mudança do Clima – Fundo Clima. Estabelecido pela Lei nº 12.114/2009 e regulamentado pelo
Decreto nº 7.343/2010. Meio Ambiente. Disponível em:
. Lei nº 12.114, de 9 de dezembro de 2009. Cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima,
altera os arts. 6º e 50 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República, [2019a]. Disponível em:
. Lei nº 14.285, de 29 de dezembro de 2021. Altera as Leis nos 12.651, de 25 de maio
de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, 11.952, de 25 de junho de 2009, que
dispõe sobre regularização fundiária em terras da União, e 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que
dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, para dispor sobre as áreas de preservação permanente
no entorno de cursos d’água em áreas urbanas consolidadas. Disponível em:
. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.
Altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428,
de 22 de dezembro de 2006. Revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14
de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, e dá outras providências.
Disponível em
maio 2023.
. Lei nº 15.434 de 09/01/2020. Institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado
do Rio Grande do Sul. Disponível em:
em: 27 abr. 2023.
. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Antigo Código Florestal que foi substituído
pelo código de 2012. Disponível em:
em: 4 maio 2023.
. Medida Provisória 2.166-67, de 2001 – Altera os arts. 1º, 4º, 14, 16 e 44, e acresce dispositivos
à Lei nº 4.771. Diário Ofi cial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF (2001
ago. 25). Disponível em:
. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2016. Disponível em:
. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2023. Disponível em:
CARVALHO et al. Potencial de sequestro de carbono em diferentes biomas do Brasil. Rev. Bras.
Ciênc., Solo 34 (2). Abr 2010. Disponível em:
CARVALHO, R. M.; SZLAFSZTEIN, C. F. Urban vegetation loss and ecosystem services: the
infl uence on climate regulation and noise and air pollution. Environmental Pollution, 245, 844-
852. 2019. Disponível em:
2023.
CRJC – 2001. Riparian Buff ers for the Connecticut River Watershed. Connecticut River Joint
Commission. Disponível em:
CURTIS et al. Classifying drivers of global forest loss. Science, [s. l.], v. 361, n. 6.407, p. 1.108-
1.111, 2018.
DE CASTRO et al. Iniciativas estaduais de pagamentos por serviços ambientais: análise legal e
seus resultados. REVIBEC – Revista Iberoamericana de Economía Ecológica, p. 44-71, 2018.
Disponível em:
2023
ESALQ. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo. 2013. Disponível
em:
Acesso em: 26 jun. 2023.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Instrução Normativa SEMA nº 01/2018. Estabelece procedimentos
a serem observados para a Reposição Florestal Obrigatória no Estado do Rio Grande do
Sul. Disponível em: //C:/Users/Usuario/Downloads/14171747-instrucao-normativa-sema-n-01-
2018.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2023.
FARIAS, T. Regime jurídico das áreas de preservação permanente. CONJUR, 2019. Disponível
em:
GOMES, V.; RIBEIRO, R.; CARRETERO, M. A. Eff ects of urban habitat fragmentation on common
small mammals: species versus communities. Biodiversity and Conservation, v. 20, n. 14, p.
3.577-3.590, 2011. Disponível em:
Acesso em: 23 jun. 2023.
HOU et al. Valuing carbon sequestration to fi nance aff orestation projects in China. Forests,10
(9): 754. 2019.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. 2023. Disponível em:
IPCC, 2022. Mudança Climática 2022: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade. Contribuição
do Grupo de Trabalho II ao Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas. Cambridge University Press. Cambridge University Press, Cambridge,Reino Unido e Nova York, NY, EUA, 3.056 p., doi: 10.1017/9781009325844. Disponível em:
MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2012.
MANDER, et al. Effi ciency and dimensioning of riparian buff er zones in agricultural catchments.
Ecological Engineering, v. 8, Issue 4, 1997, pages 299-324, ISSN 0925-8574. Disponível em:
2023.
MARTINS, O. S. Determinação do potencial de sequestro de carbono na recuperação de matas
ciliares na região de São Carlos, SP. Tese. São Carlos: UFSCar, 2004.
MCKINNEY, M. L. Urbanization, biodiversity, and conservation. Bioscience, v. 52, n. 10, 2002.
MILARÉ, E. Direito do ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Island
Press, Washington, DC.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF). Lei que altera Código Florestal fragiliza proteção
de APPs em áreas urbanas em todo o Brasil, afi rma MPF. 2022. Disponível em:
em-todo-o-brasil-afi rma-mpf>. Acesso em: 15 maio 2023.
NOWAK, D. J. CRANE, D. E. Carbon storage and sequestration by urban trees in the USA.
Environmental Pollution, v. 116, Issue 3, 2002, pages 381-389, ISSN 0269-7491. Disponível em:
OLIVER et al. Avifauna richness enhanced in large, isolated urban parks. Landscape and Urban
Planning, v. 102, n. 4, p. 215-225, 2011.
PREFEITURA MUNICIPAL DE IVOTI. Lei nº 2923/2014. Institui o Plano Diretor Municipal e
Estabelece as Diretrizes e Proposições de Desenvolvimento no Município de Ivoti.
REID, L. M. HILTON, S. Buff ering the buff er. USDA Forest Sevice, 45:71-80,1998.
REIS et al. Changes in bird species richness through diff erent levels of urbanization: Implications
for biodiversity conservation and garden design in Central Brazil. Landscape and Urban Planning,
v. 107, n. 1, p. 31-42, 2012.
SÁ, M. de F. P.; VERANI, N.; FRAGOSO, E. N. Peixes do cerrado em perigo. Ciência Hoje,
São Paulo, v. 34, n. 200. p. 68-71, dez. 2003. Disponível em:
SPGG. Desastres naturais no Rio Grande do Sul: estudo sobre as ocorrências no período 2003-
2021. Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. Departamento de Planejamento Governamental.
Porto Alegre: Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2022. Disponível em
fi le: //C:/Users/Usuario/Downloads/22111507-desastres-naturais-2003-2021.pdf>. Acesso em:
27 abr. 2023.
STRINGER, E. T. Action research: A handbook for practitioners. Thousand Oaks: Sage. 1996.
TANG et al. Estoques de carbono nos ecossistemas terrestres da China: novas estimativas baseadas
em uma pesquisa de campo intensiva. Anais da Academia Nacional de Ciências, 115(16), 4.021-
4.026. 2018.
TEEB. 2010. Disponível em:
THIOLLENT, M. Pesquisa-Ação nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1997.
THRELFALL, C. G.; LAW, B.; BANKS, P. B. Infl uence of Landscape Structure and Human
Modifi cations on Insect Biomass and Bat Foraging Activity in an Urban Landscape. Plos One, v.
7, n. 6, p. 10, 2012.
TUCCI, C. E. M. Controle de Enchentes em: Hidrologia. Ciência e Aplicação. 2. ed. Porto Alegre:
UFRGS, ABRH, 2001.
TYRVÄINEN et al. Demand for Enhanced Forest Amenities in Private Lands: The Case of the
Ruka-Kuusamo Tourism Area, Finland. Forest Policy and Economics, 47 (October): 4-13. 2014.
doi: 10.1016/j.forpol.2013.05.007.
UNEPFI. Portfolio Carbon. Measuring, disclosing and managing the carbon intensity of investments
and investment portfolios. UNEP Finance Initiative, 2013. Disponível em:
maio 2023.
UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM (UNDP) – The SDGS in Action, 2023. Disponível
em:
BwE>. Acesso em: 8 maio 2023.
WDR. WORLD BANK. World development report 2010: Development and climate change. The
World Bank, 2009.
WWF, 2023. Disponível em:
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. de Daniel Grassi. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2015.